Relação entre medicina é fé
Desde o primeiro dia da faculdade, fala-se muito a respeito da ciência, da medicina baseada em evidência, da comprovação de causa e efeito como por exemplo, condição sine que non para a prática da boa medicina.
Não que estes requisitos não sejam fundamentais na medicina. Mas, infelizmente, pouco se fala de espiritualidade e religião na universidade ou no meio científico. Pelo contrário, é praticamente um assunto proibido.
Felizmente, nos últimos anos, alguns estudos começaram a ser publicados, comprovando algo que na minha prática eu já observava desde os primeiros contatos com pacientes no início da faculdade: a espiritualidade muda a recuperação e forma de lidar com doenças, além de reduzir os índices de suicídio, por exemplo.
Medicina e espiritualidade
Contudo, em estudo publicado pela revista Jama Psychiatry em 2016, houve redução no índice de suicídio cinco vezes em mulheres que possuíam algum tipo de prática religiosa ao menos 1 vez na semana.
Apesar de algumas religiões condenarem o suicídio, observou-se essa redução nos índices, além de melhorar as principais causas relacionadas ao suicídio (como a depressão, por exemplo).
Da mesma forma, outro estudo publicado em 2008 por uma revista americana (Ann Epidemiol), avaliou a mortalidade relacionada com a frequência à prática religiosa (semanal x nenhuma vez por semana).
Foram avaliados longitudinalmente (acompanhamento tipo follow-up) 8450 americanos (homens e mulheres, com 40 anos ou mais), entre os anos de 1988 e 1994, por uma média de 8,5 anos.
Nesta coorte (grupo) americana, observou-se predomínio de cristãos com redução estatisticamente significativa das mortes dos cidadãos com prática religiosa, no mínimo, semanal.
Outro estudo que chama bastante atenção é o publicado pela Jama Intern Med em 2016 analisando 74.534 mulheres americanas previamente saudáveis (livres de doenças cardiovasculares e/ou câncer) durante 8 anos com ou sem prática religiosa semanal.
Houve, no entanto, redução em 33% do risco de mortalidade nas mulheres com prática religiosa semanal quando comparadas com aquelas que não apresentavam nenhum tipo de prática religiosa.
Vale ressaltar que, não estou me referindo a nenhum tipo de religião específica ou que uma religião é melhor em detrimento de outra.
Sendo assim, cabe a cada pessoa escolher a sua religião e/ou crença, com seus respectivos valores.
Resultado de estudos sobre espiritualidade relacionado com medicina
De uma maneira geral, os estudos mostram que a espiritualidade (no sentido amplo da palavra), é acompanhado, de maneira geral, com hábitos de vida mais saudáveis, tais como, saúde física, alimentação saudável, parceiro sexual estável, menor uso de drogas, além da vida em comunidade, que contribui, e muito, para melhorar a positividade e os riscos de depressão.
Na Neurologia, sempre observei maior resiliência nos pacientes e familiares com alguma espiritualidade envolvida.
Sempre foi claro pra mim o quanto a fé e suas respectivas crenças contribuíram com o perdão (tão importante no momento de doença), a capacidade de superação e a esperança. Pacientes neurológicos precisam, acima de tudo, de uma resiliência e muita persistência para seguir em frente.
Por isso, e muitos outros motivos, atualmente na minha prescrição médica, além de remédios, atividade física, alimentação saudável e sono de qualidade, entre outros itens, prescrevo também o fortalecimento das crenças e da fé do meu paciente.
O paciente visto como um todo é fundamental!
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Veja também:
Bibliografia:
– JAMA Intern Med. 2016 June 01; 176(6): 777–785. doi:10.1001/jamainternmed.2016.1615.
– Ann Epidemiol. 2008 February ; 18(2): 124–129. doi:10.1016/j.annepidem.2007.10.015.
– JAMA Psychiatry. 2016 August 01; 73(8): 845–851. doi:10.1001/jamapsychiatry.2016.1243.
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